#1 Três livros para quem está obcecado pelo filme "Ainda estou aqui"
Indicação de livros que abordam, de jeitos diferentes, os horrores da ditadura
Há um sentimento de inconformidade compartilhado por todos que assistiram “Ainda estou aqui” e, ao mesmo tempo, um desejo incontrolável de indicar o filme para todos os seres do planeta. Me emocionei demais nas duas vezes que assisti (SIM!) principalmente ao final quando as fotos reais são mostradas. Sinto que é exatamente nesse momento que toda carga emotiva encontra enfim seu caminho e jorra de todos os presentes. Há quem tente disfarçar as lágrimas, mas resgatar esses momentos históricos, que nem são tão antigos assim, nos permite permanecer vigilantes e sensíveis às dores do outro.
Considerando este momento propício, quero indicar livros latino-americanos que li recentemente e, de alguma forma, retratam os horrores da ditadura militar.
1 - A face mais doce do azar, de Vera Saad
Este livro não tem como tema central a ditadura, mas sim o período político e financeiro vivenciado por brasileiros durante o governo de Fernando Collor. Apesar disso, há um enredo paralelo sobre desaparecimento de pessoas e como essa angústia de não saber se o ente querido está vivo ou morto é até pior do que a confirmação do óbito.
Os acontecimentos narrados por Dubianca se passam no Brasil pós ditadura e retratam das fissuras que esse período gerou nas famílias brasileiras.
2 - A casa dos espíritos, de Isabel Allende
Um livro latino-americano, não definido exatamente pela autora em qual região se passa (mesmo que várias evidências apontem para o Chile), que narra a saga de uma família ao longo de algumas gerações. Deixo aqui também a resenha, esta em vídeo, para quem quiser saber um pouco mais sobre o livro.
Este me surpreendeu por iniciar em tom cômico e ter uma tensão crescente até a culminação no golpe de Estado. Após esse acontecimento, as páginas tornam-se mais pesadas, mais lentas, completamente reais. A família Trueba, sempre associada à estrema direita, se vê então em meio aos perseguidos. Considero os últimos capítulos desse livro super difíceis de serem lidos, mas condizem com o cenário que a autora se propôs a retratar.
3 - Kramp, de María José Ferrada
Um livro que não fala abertamente sobre a ditadura, mas há simbolismos que nos guiam por essa interpretação.
A autora chilena optou por nomear seus personagens apenas pela inicial, então M nos conta alguns acontecimentos de sua infância quando acompanhava o pai no trabalho. A narrativa ganha contornos mais dramáticos quando conhecemos um pouco a história de sua mãe e do E, um fotógrafo de “fantasmas”. María José Ferrada é sempre um acerto.
Além dessas indicações, há a mais óbvia que é o livro Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva.
Não sei se vocês já conheciam todos esses livros, mas espero que as recomendações sejam úteis.
Este foi o primeiro post e amei a experiência de ter um espaço mais amplo para falar sobre temas diversos 💛
Amei seu texto! Adorei Kramp e A Casa dos Espíritos é simplesmente perfeito. Ainda não assisti ao filme, mas tudo indica que irei amar!